
Etologia de Suínos
A Suinocultura é uma prática de criação e cuidado de suínos, com o objetivo de produzir carne. Assim sendo, entender o comportamento desses animais é fundamental para ter uma boa rentabilidade Autoras: Amanda Namie Kanashiro Maria Fernanda Pereira Série: Zootecnia/ Etologia/Suínos Campanha /Artigo técnico/ Ponto de Vista nº1 Prof. Orientador: Délcio César Cordeiro Rocha ICA/UFMG
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Doutor Zoo
11/27/2022

ETOLOGIA DE SUINOS - COMPORTAMENTO E BEM-ESTAR-ANIMAL
A Inteligência e Capacidade de Aprendizado dos Suínos
A inteligência dos suínos é frequentemente subestimada, contudo, estudos recentes revelam que estes animais possuem notável capacidade cognitiva e habilidades de aprendizado. Pesquisas têm destacado a habilidade dos suínos em solucionar problemas complexos, memorizar informações e adaptar-se a novos ambientes rapidamente.
Um estudo conduzido pela Universidade de Cambridge demonstrou que suínos podem lembrar caminhos labirínticos e solucionar problemas através do reconhecimento de padrões. Esse experimento revelou que, dada a oportunidade, suínos conseguem fazer escolhas informadas, mostrando um grau elevado de discernimento.
Além disso, a capacidade dos suínos de recordar informações foi evidenciada em um experimento conduzido pela Universidade de Illinois. Os suínos foram treinados para associar sons específicos com recompensas alimentares. Eles não só aprenderam essa associação rapidamente, como também conseguiram reter essa informação por um período significativo de tempo, comparável ao de cães e outros animais domésticos.
Outro exemplo notável é o uso do condicionamento operante para treinar suínos em tarefas específicas. Utilizando métodos semelhantes aos empregados em cães e primatas, os suínos foram ensinados a realizar tarefas como operar mecanismos simples para obter alimento. Esses experimentos demonstram a capacidade de aprendizado e a plasticidade cognitiva dos suínos, igualando-os a outros animais de fazenda conhecidos por sua inteligência.
Ao compararmos a inteligência dos suínos com a de outros animais da fazenda, observa-se que os suínos exibem competências cognitivas avançadas. Eles não apenas aprendem novas tarefas rapidamente, mas também demonstram uma memória forte e a habilidade de generalizar o aprendizado em diferentes contextos.
Essas descobertas têm implicações significativas para o manejo e o bem-estar dos suínos em ambientes agrícolas, sugerindo que estratégias de manejo que estimulem a cognição e a atividade mental podem melhorar significativamente a qualidade de vida desses animais.
O Paladar Desenvolvido dos Suínos
Os suínos possuem um sistema gustativo notavelmente avançado, algo que influencia profundamente seus hábitos alimentares. A capacidade de detectar e discriminar uma variedade de sabores e texturas torna os suínos bastante seletivos em relação ao que consomem. Essa sensibilidade supera a de muitos outros animais de fazenda, permitindo-lhes responder rapidamente a mudanças na dieta ou à introdução de novos alimentos.
A detecção dos sabores é um aspecto importante do comportamento dos suínos. Estes animais exibem uma predileção instintiva por sabores doces, que são frequentemente associados a fontes de energia, como carboidratos. No entanto, também são sensíveis a sabores umami, salgados, ácidos e amargos, demonstrando uma preferência variável que pode incluir frutas, vegetais e até certos tipos de grãos. Essas preferências alimentares podem variar com a idade, estado fisiológico e experiências anteriores do animal.
A textura dos alimentos desempenha igualmente um papel significativo no comportamento alimentar dos suínos. Eles mostram preferência por alimentos com texturas particulares que facilitam a mastigação e a digestão. Compreender essa combinação de sabor e textura pode ser fundamental para os produtores que buscam criar dietas equilibradas e palatáveis, promovendo o crescimento e o bem-estar dos animais.
A implementação de dietas equilibradas que atendam às necessidades nutricionais dos suínos é essencial para manter a sua saúde e produtividade. A alimentação deve ser rica em nutrientes, respeitando a diversidade de gostos e texturas apreciadas pelos suínos. Esta abordagem não apenas melhora o estado físico geral dos animais, mas também otimiza os processos de criação, reduzindo o desperdício de alimentos e aumentando a eficiência nutricional.
Por fim, compreender essas preferências alimentares permite que os gestores hajam de maneira mais eficaz na criação dos suínos, ajustando práticas de manejo nutricional para atender melhor às exigências gustativas dos animais. Isso pode incluir a introdução gradual de novos alimentos, a experimentação com diferentes combinações de ingredientes e a monitorização contínua das respostas dos suínos às mudanças dietéticas.
Visão Binocular e Percepção Visual em Suínos
A visão dos suínos é distinta, desempenhando um papel crucial na sua interação com o ambiente e outros indivíduos. A visão binocular em suínos, que se refere à superposição dos campos visuais de ambos os olhos, não é tão desenvolvida quanto a de algumas outras espécies. Os suínos possuem um campo de visão amplo, alcançando aproximadamente 310 graus, com apenas uma pequena zona cega diretamente atrás da cabeça.
Essa ampla perspectiva é particularmente vantajosa para a defesa contra predadores, permitindo que os suínos detectem movimentos em seu entorno com maior precisão. No entanto, a visão binocular restringida, com um campo de apenas 35 a 50 graus, influencia sua capacidade de perceber profundidade. A percepção espacial limitada afeta a maneira como os suínos navegam em seu ambiente e identificam objetos ao seu redor.
Além disso, a capacidade de detectar cores em suínos é um ponto de interesse para compreender seu comportamento. Embora não sejam completamente daltônicos, os suínos possuem dicromatismo, significando que veem duas cores principais, em contraste aos humanos, que são tricromatas. Eles têm uma sensibilidade maior às gamas de azul e verde, enquanto tons vermelhos e laranjas são menos perceptíveis.
Essa percepção de cores influencia atividades de exploração dos suínos e sua interação tanto com o ambiente quanto com outros suínos. Por exemplo, cores e contrastes distintos podem desempenhar um papel importante nos processos de identificação de alimento e nos comportamentos sociais. A visão, portanto, é um atributo importante que possibilita aos suínos se adaptarem e prosperarem nos diferentes ambientes que habitam.
Dado o impacto da visão na qualidade de vida dos suínos, compreender essas características visuais é vital para melhorar práticas de manejo e garantir o bem-estar animal. Criar espaços que considerem as limitações e capacidades visuais dos suínos pode promover comportamentos naturais e reduzir o estresse, contribuindo assim para a saúde geral dos animais.
Sociabilidade e Hierarquia Social em Suínos
Os suínos (Sus scrofa domesticus) são animais sociais por natureza, exibindo comportamentos que refletem uma complexidade comparável à de outros mamíferos superiores. Na vida selvagem e em contextos de criação, eles desenvolvem relações sociais que são variadas e dinâmicas, moldadas tanto por laços familiares quanto por interações com membros não familiares. Essas interações são fundamentais para a estruturação das suas hierarquias sociais, que frequentemente se manifestam em formas de dominância e subordinação.
A hierarquia social nos suínos é frequentemente descrita como bidirecional. Em outras palavras, ela não é determinada apenas por fatores de dominância, mas envolve também aspectos de subordinação, onde os animais subordinados desempenham um papel crucial na estabilidade do grupo. As hierarquias são geralmente estabelecidas e mantidas através de uma série de comportamentos, incluindo lutas, vocalizações, e outras formas de comunicação sutil como posturas corporais. Estas interações possibilitam a formação de uma estrutura social onde cada membro do grupo conhece seu papel e sua posição relativa.
Por exemplo, quando um porco dominador encontra um subordinado, o comportamento pode incluir empurrões, mordidas suaves ou vocalizações específicas. Este tipo de interação permite que os suínos mantenham uma hierarquia social clara, essencial para minimizar conflitos sérios e manter a coesão do grupo. Além disso, essas interações são indicativas da saúde comportamental do grupo, pois a ausência de um dividendo hierárquico pode levar ao estresse crônico entre os animais, impactando negativamente no seu bem-estar.
O reconhecimento e o respeito dessas estruturas sociais são fundamentais para o manejo adequado dos suínos. Agrupamentos mal planejados podem resultar em agressões excessivas e estresse, enquanto a formação de grupos baseada em hierarquias naturais pode promover um ambiente mais harmonioso. Desta forma, o entendimento da sociabilidade e das hierarquias sociais dos suínos não só acrescenta ao conhecimento etológico, mas também é vital para práticas de manejo que visam o bem-estar animal.
Comportamento de Fêmeas e Machos em Ambiente Natural
No habitat natural, as fêmeas suínas, conhecidas como matrizes, exibem um comportamento distintivo que enfatiza a individualidade. As fêmeas tendem a não se unirem a outras fêmeas, preferindo o isolamento ou a formação de pequenos grupos com seus filhotes. Esta tendência comportamental é crucial para a reprodução e os cuidados maternos, onde a proteção dos leitões e a garantia de acesso aos recursos necessários são prioritários. Em contraste, os machos, ou reprodutores, formam grupos familiares com outras fêmeas e seus descendentes, criando uma estrutura social que facilita a coesão e a sobrevivência da prole.
Os machos suínos, por sua vez, demonstram um comportamento social mais abrangente e receptivo. Geralmente, eles são mais abertos à interação com fêmeas de outros grupos, o que pode ser explicado pela necessidade biológica de maximizar as oportunidades de acasalamento e de disseminação de seus genes. Esta flexibilidade social dos machos resulta em um maior intercâmbio genético dentro da população, promovendo a diversidade genética que é benéfica para a saúde e robustez da espécie.
Esses comportamentos naturais têm implicações significativas para as práticas de manejo em sistemas de produção intensiva. Compreender a necessidade das fêmeas por isolamento pode levar ao desenvolvimento de alojamentos individuais que respeitem essa predisposição, melhorando assim o bem-estar animal e a produtividade. Analogamente, a natureza sociável dos machos pode ser aproveitada para fomentar ambientes que promovam interações positivas e reduzam o estresse associado ao confinamento.
Ao adaptar as práticas de manejo às predisposições comportamentais naturais dos suínos, não apenas atendemos às necessidades de bem-estar animal, mas também otimizamos a eficiência dos sistemas de produção. A observação e o entendimento detalhado do comportamento natural de fêmeas e machos suínos são, portanto, essenciais para o desenvolvimento de estratégias de manejo mais humanitárias e produtivas.
Desafios e Soluções para Bem-Estar dos Suínos
Quando abordamos o bem-estar dos suínos, um dos aspectos críticos envolve a identificação dos desafios que impactam diretamente na qualidade de vida desses animais. Entre os principais problemas, destaca-se o comportamento de mordida, particularmente em leitões desmamados, que pode ser uma manifestação de estresse ou desconforto. Essa prática não apenas causa lesões físicas, mas também pode afetar o crescimento e o desenvolvimento dos leitões, além de aumentar a suscetibilidade a infecções.
Outro desafio frequentemente observado nas granjas de suínos é a presença de estereotipias. Estes comportamentos repetitivos e invariáveis, como morder as barras ou morder a cauda, muitas vezes indicam um ambiente pobre e a ausência de estímulos adequados. Além disso, o estresse térmico é uma preocupação crescente, especialmente em áreas com climas extremos. Temperaturas elevadas ou extremamente baixas podem afetar o bem-estar dos suínos, levando a alterações metabólicas e comportamentais.
Para mitigar esses desafios, o enriquecimento ambiental surge como uma solução eficaz. A implementação de brinquedos adequados pode reduzir significativamente o comportamento de mordida entre os suínos. Esses acessórios oferecem uma distração útil e promovem o comportamento exploratório natural dos animais. Além disso, a introdução de substratos, como feno ou palha, permite aos suínos expressarem comportamentos naturais, como fuçar e escavar, o que reduz o surgimento de estereotipias.
Ademais, as alterações no manejo diário, como a modificação da densidade populacional e a melhoria das condições térmicas, são essenciais para garantir um ambiente mais saudável. A utilização de sistemas de ventilação adequados e a disponibilização de áreas sombreadas ou aquecidas, conforme necessário, ajudam a manter o conforto térmico dos animais.
Em suma, para assegurar o bem-estar dos suínos, é crucial identificar e tratar prontamente os desafios comportamentais e ambientais. Através do enriquecimento ambiental e da implementação de práticas de manejo eficazes, é possível melhorar significativamente a qualidade de vida dos animais na produção suinícola.
Introdução aos Comportamentos Anormais em Suínos
Os comportamentos anormais em suínos são encontrados frequentemente em ambientes de produção intensiva e são considerados indicadores cruciais do bem-estar animal. Comportamentos anormais, muitas vezes decorrentes de ambientes inadequados ou estressores, podem incluir mastigação de cauda, mordedura de barras e outros comportamentos estereotipados. Esses comportamentos não apenas impactam o bem-estar dos suínos, mas também podem influenciar negativamente a eficiência produtiva do sistema de criação.
Compreender os comportamentos anormais é fundamental para tomadores de decisão e produtores, pois permite a identificação precoce de problemas na gestão do ambiente e na saúde dos animais. Geralmente, tais comportamentos se manifestam como respostas ao confinamento, falta de estímulos, e a outras condições ambientais desfavoráveis. Por exemplo, a mastigação de cauda em suínos pode resultar de frustração e estresse, muitas vezes associada à densidade populacional elevada e falta de espaço suficiente.
Além disso, os comportamentos anormais podem ser causados por fatores genéticos, desequilíbrios nutricionais, ou doenças subjacentes. O que torna vital uma abordagem holística para a compreensão e tratamento dessas questões. Estudos mostram que o enriquecimento ambiental, ajustes na densidade populacional e mudanças na dieta podem ser eficazes na redução desses comportamentos indesejáveis.
Por conseguinte, a identificação e mitigação dos comportamentos anormais são passos essenciais para melhorar o bem-estar dos suínos. A melhoria nas condições de vida dos suínos não só aumenta a saúde e a felicidade dos animais, mas também resulta em uma produção mais eficiente e sustentável. Portanto, a educação dos produtores e a implementação de práticas adequadas são vitais para abordar esses desafios.
Biting: Comportamento Agressivo em Suínos
O comportamento agressivo conhecido como “biting” ou mordida entre suínos é um problema significativo na criação de suínos, especialmente prevalente entre leitões desmamados. Este comportamento é frequentemente desencadeado por uma combinação de estresses ambientais e deficiências nutricionais que levam os animais a exibirem agressividade anormal. Esse fenômeno pode ser observado tanto em condições de criação intensiva quanto extensiva, e os impactos negativos do biting são variados e profundamente influentes na saúde e no bem-estar dos suínos.
As consequências do biting entre suínos não devem ser subestimadas. Primeiramente, o ganho de peso dos leitões pode ser severamente comprometido. A energia que os animais gastam em comportamentos agressivos é desviada do crescimento e da produtividade, resultando em uma taxa de crescimento mais lenta e, consequentemente, em prejuízos econômicos para os produtores. Além disso, o gasto com medicamentos aumenta consideravelmente devido ao tratamento de ferimentos e infecções resultantes das mordidas entre os animais, aumentando ainda mais os custos de produção.
Outra consequência crítica do biting é a ocorrência de abscessos. As mordidas podem facilmente romper a pele dos suínos, causando lesões que são portas de entrada para infecções bacterianas. Essas infecções, se não tratadas adequadamente, podem evoluir para abscessos dolorosos e perigosos. O tratamento desses abscessos muitas vezes requer uso intensivo de antibióticos, o que não só eleva os custos como também pode contribuir para o desenvolvimento de resistência antibiótica, representando um desafio adicional para a saúde animal e pública.
Em casos mais extremos, o comportamento de biting pode levar à morte dos animais. Ferimentos graves e infecções secundárias práticas podem ter resultados fatais se não forem rapidamente identificados e tratados de maneira eficaz. Desta forma, entender as causas subjacentes e implementar medidas preventivas adequadas é crucial para mitigar os efeitos negativos deste comportamento agressivo entre suínos.
Estereotipias em Suínos: Comportamentos Repetitivos e Sem Função Óbvia
As estereotipias em suínos representam uma classe de comportamentos repetitivos e invariáveis, aparentemente desvinculados de uma função óbvia. Exemplos desses comportamentos incluem morder grades, mastigação simulada e polidipsia, caracterizados pelo consumo excessivo de água. Tais comportamentos reiterativos são indicativos de problemas subjacentes no ambiente ou no bem-estar dos animais. De forma mais específica, essas ações são frequentemente observadas em suínos que estão sendo criados em condições restritivas ou que enfrentam desafios ambientais significativos.
Morder grades, por exemplo, é um comportamento observado quando os suínos tentam lidar com a frustração decorrente da falta de estímulos ambientais ou da impossibilidade de realizar comportamentos naturais, como a exploração do solo. Semelhantemente, a mastigação simulada surge como uma resposta à restrição alimentar ou à ausência de material para manipulação e mastigação. Já a polidipsia é frequentemente detectada em situações de estresse crônico ou de fornecimento inadequado de nutrientes e água.
As causas das estereotipias em suínos são multifacetadas e podem incluir fatores como o manejo inadequado, a alta densidade populacional, a falta de enriquecimento ambiental e o bem-estar geral dos suínos. A privação de um ambiente que permita a expressão de comportamentos naturais pode gerar níveis elevados de estresse e infelicidade, culminando em ações repetitivas e sem função aparente.
Os impactos das estereotipias no bem-estar dos suínos são substanciais. Além de serem indicadores de sofrimento e estresse, tais comportamentos podem levar a danos físicos, como lesões nas mandíbulas, dentes e outras partes do corpo. Economicamente, esses comportamentos também podem resultar em perdas significativas para os produtores, devido à redução no crescimento e na eficiência alimentar dos animais.
Portanto, a identificação e a abordagem das estereotipias em suínos são cruciais para garantir um bom bem-estar animal e para otimizar a eficiência das operações de criação. A implementação de práticas corretivas fundamentadas em uma avaliação detalhada do ambiente e das necessidades comportamentais dos suínos é essencial para atenuar esses comportamentos prejudiciais.
Influências do Bem-Estar e Conforto Térmico nos Comportamentos
O bem-estar e o conforto térmico dos suínos são fatores primordiais que influenciam diretamente os comportamentos desses animais. A gestão inadequada de temperatura pode resultar em estresse térmico, afetando significativamente as atividades normais dos suínos e levando a uma variedade de problemas comportamentais. Em condições de frio extremo, os suínos podem começar a exibir comportamentos de busca de calor, aglomeração e tremores, o que aumenta o risco de lesões cutâneas e queda na imunidade. Já em ambientes extremamente quentes, os suínos tendem a manifestar comportamentos de estresse, tais como ofegação, redução na ingestão de alimentos e aumento da agressividade.
O estresse térmico também impacta a saúde metabólica e fisiológica dos suínos, modificando padrões de comportamento alimentar e social. O desconforto prolongado gera não apenas um risco elevado de doenças, mas também desenvolve comportamentos anormais, como mastigação excessiva e maior incidência de picadas entre os animais. Para mitigar esses efeitos negativos, a implementação de estratégias que melhorem o conforto térmico é essencial. Em regiões frias, é recomendável garantir aquecedores adequados, isolamento térmico das baias e fornecer camas apropriadas de palha que ajudem a conservar o calor corporal dos suínos.
Nas zonas de clima quente, a utilização de nebulizadores, ventiladores e coberturas de sombra são medidas eficazes para diminuir a temperatura dos ambientes e, consequentemente, reduzir o estresse térmico. Garantir o fornecimento constante de água fresca é imprescindível para mantener a hidratação e ajudar no controle da temperatura corporal dos suínos. Além disso, uma monitorização constante das condições climáticas e ajuste das estruturas de manejo conforme necessário podem contribuir significativamente para o bem-estar dos suínos, promovendo comportamentos normais e saudáveis.
Investir no monitoramento e na adaptação das condições térmicas não só melhora a qualidade de vida dos suínos, mas também resulta em uma produção mais eficiente e de melhor qualidade. Portanto, compreender a importância do conforto térmico e implementar práticas de manejo adequadas são ações essenciais para minimizar problemas comportamentais em suínos.
Estratégias de Manejo para Mitigar Comportamentos Anormais
Abordar os problemas comportamentais em suínos requer uma compreensão detalhada de suas causas e da implementação de estratégias de manejo eficazes. Entre estas, a melhoria na dieta tem um papel significativo. Uma nutrição equilibrada, rica em fibras e nutrientes essenciais, ajuda a manter a saúde física e mental dos suínos, prevenindo comportamentos como mordedura de cauda e agressão. Complementar a dieta com ingredientes que promovam a saciedade e reduzam o estresse pode ser especialmente benéfico.
A qualidade do manejo ambiental também é crucial. Uma acomodação adequada, que inclui espaço suficiente para cada animal, ventilação adequada e controle de temperatura, contribui significativamente para o bem-estar dos suínos. Espaços superlotados e condições ambientais adversas são fatores que frequentemente desencadeiam comportamentos anormais. Portanto, fornecer um ambiente estável e confortável é uma estratégia básica, mas essencial.
O enriquecimento do ambiente é outra abordagem eficaz para mitigar problemas comportamentais. Introduzir elementos que estimulam a atividade mental e física, como brinquedos, materiais para fuçar e mastigar, ajudam a manter os suínos ocupados e reduzem comportamentos prejudiciais. Estes elementos devem ser regularmente variados e distribuídos de forma estratégica para manter o interesse dos suínos.
Práticas de monitoramento e intervenção precoce são essenciais para o manejo eficaz dos comportamentos anormais. Um sistema de monitoramento regular que observa sinais de estresse ou desconforto nos suínos permite a identificação precoce de problemas e a adoção rápida de medidas corretivas. Intervenções rápidas podem incluir mudanças no manejo ambiental, ajustes na dieta ou a separação de animais agressivos.
Por fim, a formação contínua dos trabalhadores rurais em práticas de manejo adequado e bem-estar animal é fundamental. Eles devem estar bem-informados sobre as necessidades comportamentais e de saúde dos suínos, garantindo que possam detectar e responder rapidamente a qualquer sinal de comportamento anormal.
Importância e Benefícios da Prevenção e Tratamento de Comportamentos Anormais
Prevenir e tratar comportamentos anormais em suínos é fundamental para o sucesso da suinocultura. A prevenção de comportamentos anormais, como agressividade e estereotipias, pode resultar em significativos benefícios econômicos e produtivos. Comportamentos problemáticos frequentemente levam a lesões e estresse, comprometendo a saúde dos animais e, consequentemente, impactando negativamente o ganho de peso e a qualidade da carne. A redução desses comportamentos pode melhorar a produtividade, uma vez que suínos mais saudáveis e menos estressados apresentam melhor crescimento e conversão alimentar.
Além dos benefícios econômicos, a promoção do bem-estar animal é uma prioridade cada vez maior no setor agropecuário. As práticas que visam ao bem-estar dos suínos não só atendem a demandas éticas e regulatórias, mas também resultam em animais mais calmos e de melhor desempenho. Iniciativas como enriquecimento ambiental, manejo adequado e cuidados veterinários são comprovadas estratégias eficazes na mitigação de comportamentos anormais.
O crescimento da preocupação do consumidor com as condições de criação também reforça a necessidade de manter um ambiente adequado para os suínos. Práticas que promovem o bem-estar animal são vistas de forma positiva pelo mercado, podendo agregar valor aos produtos e aumentar a competitividade dos criadores. Portanto, investimento em bem-estar não é apenas uma questão de compliance, mas sim uma estratégia de mercado.
Finalmente, é fundamental que os criadores reconheçam sua responsabilidade na criação de um ambiente saudável e propício para o desenvolvimento adequado dos suínos. Isso envolve desde a implementação de boas práticas de manejo até o comprometimento com a exclusiva melhoria contínua das condições de vida dos animais. Assim, a prevenção e tratamento de comportamentos anormais se reafirmam como pilares essenciais para uma suinocultura sustentável e eficiente.
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Como Citar:
Portal AMBIENTE EM FOCO. KANASHIRO, A. N.; PEREIRA, M. F. & ROCHA, D. C. C, Ovinos da Raça Dorper. Série: Zootecnia/Ovinos. Campanha / Artigo técnico/ Ponto de Vista nº1. publicado em 2022. Atualizado em 2024. disponível em: https://ambienteemfoco.com/ovinos-da-raca-dorper. Acesso em DIA/ MÊS/ ANO
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