Ranicultura no Brasil, Mercado e Abate

Um produto de origem animal precisa ser realizado de maneira que as suas propriedades nutricionais sejam preservadas e possam ser consumidas sem ocasionar risco à saúde. Com isso, faz-se necessário todo um processamento tecnológico da carne da rã para garantir a qualidade dessa carne e o bem-estar dos animais.

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Doutor Zoo

7/18/2024

                   Ranicultura no Brasil, abate e mercado:

Autores: Emile Maria Alves Araujo, Grace Kelly Pereira Dos Santos, Marcos Jeovane Silva

Docente: Délcio César Cordeiro Rocha

Disciplina: Criação e Exploração de Animais Domésticos

Curso: Eng. Agrícola e Ambiental ICA/UFMG 

1. Abate:

A ranicultura, no Brasil, é uma prática da criação de rãs em cativeiro, voltada principalmente para a produção de carne. A espécie mais comum criada e legalizada comercialmente é a rã-touro americana (Lithobates catesbeianus), devido ao seu rápido crescimento e grande tamanho.

De acordo com a legislação brasileira, a rã é classificada como a categoria do pescado contendo todos os aminoácidos essenciais ao ser humano, possui alto valor biológico, é hipocalórica, hipoalergênica e altamente digestível. Como todo pescado, tem alto teor de umidade e minerais essenciais, como o cálcio, que está presente em concentrações maiores do que nos produtos lácteos.

Um produto de origem animal precisa ser realizado de maneira que as suas propriedades nutricionais sejam preservadas e possam ser consumidas sem ocasionar risco à saúde. Com isso, faz-se necessário todo um processamento tecnológico da carne da rã para garantir a qualidade dessa carne e o bem-estar dos animais.

1.1 Etapas do Processamento:

Segundo o Ministério da Agricultura (BRASIL, 1952), o abate é dividido em etapas e características baseadas nos padrões do abate da carne de frango. Sendo:

a) Seleção e Jejum dos Animais: A seleção deve ser de forma cautelosa, atendendo um padrão de peso e tamanho, com ausência de feridas, traumas, malformações e quaisquer deformações; E no jejum, as rãs são colocadas em jejum por um período de 24 a 48 horas antes do abate para limpar o trato digestivo.

b) Transporte: O transporte é feito preferencialmente em veículos fechados, mas ventilados, durante as horas menos quentes do dia. Os animais devem ser transportados em recipientes fechados que permitam pequenas movimentações, evitando aglomerações e asfixia.

c) Recepção e Pesagem: As rãs são pesadas e examinadas por um agente de inspeção e em seguida, são colocadas em locais adequados com sombra e água potável ou em ambientes de alta umidade, onde possam ficar tranquilas, sem nenhuma pertubação.

d) Insensibilização: Os procedimentos de abate são realizados de modo a evitar dor ou sofrimento, seguindo diretrizes legais. Para as rãs, assim como para os peixes, o método mais comum é o uso de gelo (termonarcose) em contato direto com os animais.

e) Pendura e Corte do Colarinho: Cerca de dez minutos após a insensibilização, os animais são pendurados nas nórias, com as cabeças para baixo. Com uma tesoura ou bisturi, faz-se um corte ao redor da pele logo abaixo da cabeça (o "colarinho") para facilitar a esfola.

f) Sangria: Após o corte do colarinho, realiza-se um corte em "V" na região gular das rãs, atingindo os vasos da base do coração para expulsar grande parte do sangue.

g) Transpasse e Esfola: Com a rã presa à nória, é invertido a sua posição, posicionando sua cabeça para cima e removido a pele.

h) Transpasse e Eventração: Invertendo novamente a posição, a rã retorna à posição inicial e, usando uma tesoura, corta a musculatura desde o manúbrio até o final da linha alba para expor as vísceras sem contaminá-las.

i) Evisceração e Decapitação: Após a eventração, os órgãos são removidos, seguido da decapitação da rã.

j) Corte de Extremidades e Toalete: Os pés e mãos são cortados e com uma escova apropriada é removido qualquer coágulo de sangue na carcaça.

l) Pré-resfriamento e Embalagem Primária: Após a limpeza, as carcaças são colocadas em bandejas e cobertas com gelo potável até serem embaladas individualmente em filmes plásticos de PVC.

m) Congelamento Rápido e Embalagem Secundária: Após o revestimento em PVC, as carcaças são embaladas novamente e levadas para túneis de congelamento com ventilação forçada, promovendo o congelamento rápido.

n) Estocagem e Expedição: Os produtos são armazenados a pelo menos -18°C antes de serem enviados para comercialização.

      Em menor escala, os subprodutos do Abate como: Vísceras, cabeça, pés, pele e gordura podem ser usados para fabricar farinhas e outros produtos para rações animais. A gordura, a pele e as tripas, também podem ser usadas na indústria de cosméticos e medicina, mas, devido ao pequeno volume, muitas vezes são encaminhadas para tratamento de resíduos sólidos no próprio estabelecimento de abate.

  1. Mercado:

     A carne de rã é conhecida por seu sabor delicado, sua textura macia e seus valores nutricionais, sendo comparada muitas vezes ao frango. É uma iguaria apreciada em vários países, especialmente na França, na China e no Brasil. Consequentemente, o mercado da ranicultura tem crescido devido ao aumento da demanda por proteínas alternativas e sustentáveis.

Alguns fatores que influenciam esse mercado:

  1. Sustentabilidade: A criação de rãs é considerada mais sustentável em comparação com a pecuária tradicional, pois requer menos espaço e recursos hídricos. Apesar, do alto custo de implantação, manutenção e investimento.

  2. Saúde: A carne de rã é rica em proteínas e tem baixo teor de gordura, sendo uma opção saudável para os consumidores. Embora alguns lugares, a carne de rã pode enfrentar resistência cultural, necessitando de esforços para aumentar a aceitação dos consumidores.

  3. Regulamentação: A produção e comercialização de carne de rã são regulamentadas por órgãos sanitários para garantir a segurança alimentar. No Brasil, por exemplo, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) é responsável por essa regulamentação.

  4. Inovação Tecnológica: O desenvolvimento de tecnologias de criação, como sistemas de recirculação de água e rações especializadas, tem contribuído para a eficiência da produção. Investimentos também em pesquisa e desenvolvimento, podem levar melhorias na eficiência da produção e na qualidade do produto final.

       O mercado da ranicultura no Brasil está em ascensão, impulsionado pela demanda por alimentos saudáveis e sustentáveis. Com um ambiente regulatório favorável e a adoção de tecnologias inovadoras, o setor tem o potencial de se expandir significativamente. No entanto, é fundamental enfrentar os desafios relacionados aos custos, aceitação cultural e regulamentação para aproveitar plenamente as oportunidades oferecidas por esse mercado.

3. Referências:

CRIBB, A, Y.; AFONSO, A. M; MOSTÉRICO, C. M. F. Manual Técnico de Ranicultura, 2013. Unidade: Embrapa Agroindústria de Alimentos .

https://meusanimais.com.br/ra-touro-americana-uma-especie-invasora/

Criações de animais: ranicultura. UNAMA. 22 de outubro. Disponível em<https://blogs.unama.br/noticias/medicina-veterinaria/criacoes-de-animais-ranicultura#:~:text=O%20animal%20fica%20dentro%20do,de%20170%20g%20a%20250%20g.>

Ranicultura. Zootecnia Brasil. Disponível em <https://zootecniabrasil.com/2020/08/05/ranicultura/>

Como Citar:

Portal AMBIENTE EM FOCO. ALVES, E. M.; PEREIRA, G. K.; SILVA, M. J.; & ROCHA, D. C. C.  Ranicultura no Brasil, Mercado e Abate. Projetos: Aprendendo com as Plantas e Animais na Min Fazenda/ Eco Cidadão do Planeta. Série: Desmistificando a Zootecnia/ Comportamento e Bem Estar Animal. Ponto de Vista/Artigo técnico nº2. publicado em 2024. Disponível em: https://ambienteemfoco.com/ranicultura-no-brasil-mercado-e-abate . Acesso em DIA/ MÊS/ ANO.

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