Tartaruga Verde (Chelonia mydas) História, Origem e Cuidados

Quelônios: Características, Cuidados, Criação e Curiosidades Série: Conservação e Manejo de Fauna/Educação e Interpretação Ambiental/Quelônios Artigo técnico/Conscientização/Ponto de Vista nº9 Autor: Délcio César Cordeiro Rocha

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Doutor Zoo

12/1/2023

Tartaruga Verde (Chelonia mydas)

Quelônios: Características, Cuidados, Criação e Curiosidades

Série: Conservação e Manejo de Fauna/Educação e Interpretação Ambiental/Quelônios

Artigo técnico/Conscientização/Ponto de Vista nº9

Autor: Délcio César Cordeiro Rocha

Introdução:

A tartaruga verde, conhecida cientificamente como Chelonia mydas, é uma das mais icônicas e fascinantes espécies de tartarugas marinhas. O que a distingue de outras tartarugas marinhas é, em grande parte, sua dieta estritamente herbívora. Ao contrário de muitos de seus parentes, que consomem principalmente caranguejos e peixes, a tartaruga verde alimenta-se predominantemente de gramas marinhas e algas. Esta alimentação contribui para a coloração única de sua gordura, que é um dos fatores que deu origem ao seu nome. O tom esverdeado de sua gordura não é apenas uma curiosidade, mas sim um reflexo direto de sua dieta e adaptação ao ambiente marinho, proporcionando um diferencial na natureza.

As características físicas da tartaruga verde também são impressionantes. Adultos dessa espécie podem atingir um comprimento de até 1,5 metros e pesar entre 120 a 180 quilos, embora alguns indivíduos excepcionais possam ultrapassar esse limite. O casco da tartaruga verde é em forma de coração, com uma carapaça dura que oferece proteção contra predadores e um corpo aerodinâmico adaptado à vida no oceano. Além disso, suas nadadeiras largas permitem que elas nadem com eficiência por longas distâncias, o que é fundamental para sua sobrevivência em vastos habitats marinhos.

As tartarugas verdes despendem a maior parte de suas vidas no oceano, no entanto, tornam-se reprodutoras em áreas de praias específicas, onde depositam seus ovos. Esse comportamento reprodutivo é crucial para a continuidade da espécie, mas também a torna vulnerável a ameaças como a poluição, a captura acidental e a degradação de seus habitats. Assim, a conservação da tartaruga verde é um importante foco de esforços ambientais em todo o mundo.

Ciclo Reprodutivo da Tartaruga Verde

A tartaruga verde (Chelonia mydas) atinge a maturidade sexual entre os 20 e 50 anos, variando conforme as condições ambientais e a dieta. A maturidade é um passo crucial no ciclo reprodutivo, pois é nesse período que as fêmeas começam a procurar locais adequados para a desova. Normalmente, as tartarugas verdes migram por longas distâncias até chegarem a praias que oferecem um ambiente seguro para a deposição dos ovos.

As fêmeas dessa espécie são conhecidas por sua habilidade de desovar várias vezes a cada temporada, com uma frequência que pode variar entre dois a cinco anos. Cada ninhada pode consistir de 100 a 200 ovos, que são colocados em buracos escavados na areia. Após a desova, a fêmea geralmente cobre os ovos e retorna ao oceano, deixando-os à mercê da natureza. Este comportamento é crítico para a sobrevivência dos filhotes, uma vez que eles devem, eventualmente, enfrentar uma série de predadores naturais logo após a eclosão.

A fertilização dos ovos ocorre internamente, após a aproximação do macho na temporada de acasalamento. O período de incubação dura em média de 45 a 70 dias, dependendo da temperatura da areia, que tem uma influência significativa na determinação do sexo dos filhotes. Temperaturas mais altas tendem a produzir uma taxa maior de fêmeas, enquanto temperaturas mais baixas favorecem a geração de machos.

O ciclo reprodutivo da tartaruga verde não é apenas vital para a continuidade da espécie, mas também desempenha um papel fundamental na saúde dos ecossistemas marinhos. A desova ajuda a manter o equilíbrio populacional e, por conseguinte, a diversidade genética. A proteção deste ciclo é imperativa para garantir a sobrevivência da tartaruga verde em face de ameaças como a poluição e a degradação dos habitats de desova.

Locais de Nidificação e Época Reprodutiva

A Chelonia mydas é uma espécie que prefere zonas costeiras tropicais e subtropicais para a sua nidificação. As praias adequadas para a desova são, em geral, caracterizadas por areias finas e mornas, que oferecem um ambiente propício para os ovos. Estas tartarugas fazem migrações significativas para retornar a suas áreas de nidificação, que geralmente são locais onde nasceram. Alguns dos principais locais de nidificação incluem as ilhas do Pacífico, a costa da América Central, e diversos arquipélagos no mar do Caribe.

A época reprodutiva da tartaruga verde pode variar de acordo com a localização geográfica, mas, tipicamente, ocorre entre os meses de maio e setembro. Durante este período, as fêmeas se dirigem às praias para criar os seus ninhos, geralmente à noite, quando as temperaturas são mais amenas e os riscos de predadores são reduzidos. Cada fêmea pode realizar várias desovas em uma única estação, depositando de 100 a 200 ovos em cada ninho. Após cerca de 60 dias, os filhotes emergem e seguem em direção ao mar, enfrentando diversos desafios, como a predação por aves e outros animais marinhos.

Infelizmente, as tartarugas verdes enfrentam uma série de ameaças durante o processo de nidificação. A degradação do habitat, a poluição das praias, e a urbanização são fatores que diminuem a qualidade dos locais de nidificação. Além disso, o aumento do nível do mar devido às mudanças climáticas vem comprometendo as áreas de reprodução. É crucial a implementação de medidas de conservação para proteger essas tartarugas e garantir que possam continuar a nidificar em suas praias tradicionais.

Coleta de Ovos e Seus Impactos

A coleta de ovos de tartarugas verdes é uma prática que ocorre em diversas partes do mundo. Esta atividade pode ser tanto legal quanto ilegal, e suas consequências para a população de tartarugas são significativas. As tartarugas verdes são espécies ameaçadas, e a coleta excessiva de ovos contribui para a diminuição ainda mais de suas populações. No entanto, em algumas regiões, a coleta é regulamentada, com o intuito de equilibrar a conservação espécies e a necessidade de subsistência das comunidades locais.

A prática ilegal de coleta de ovos tem impactos diretos e devastadores. Cada ninho pode conter dezenas a centenas de ovos, e, quando esses ovos são removidos, a taxa de sobrevivência dos filhotes diminui drasticamente. Sem a chance de eclodir e se desenvolver no ambiente natural, as tartarugas enfrentam um risco de extinção ainda maior. Além disso, a coleta não autorizada pode causar um desbalanceamento nos ecossistemas onde essas tartarugas habitam, afetando não apenas a espécie, mas todo o ambiente marinho.

Por outro lado, programas legais de coleta de ovos, onde a atividade é monitorada, podem ser benéficos. Essas ações são muitas vezes complementadas por iniciativas de conservação, como a proteção de ninhos, que envolvem o monitoramento cuidadoso e a preservação dos habitats. Medidas de sucesso incluem a proteção dos locais de desova e campanhas educativas que visam aumentar a consciência sobre a importância da preservação das tartarugas verdes e seus ovos. Assim, a disciplina na coleta de ovos pode ajudar a aumentar a taxa de sobrevivência dos filhotes, garantindo que as futuras gerações de tartarugas verdes possam prosperar.

Legislação e Criação em Cativeiro

A tartaruga verde é uma espécie protegida por diversas legislações internacionais e nacionais que visam garantir sua conservação. Entre os principais acordos estão a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS) e a Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção (CITES). Esses instrumentos legais impõem restrições rigorosas para o comércio de tartarugas verdes e produtos derivados, reconhecendo a importância desta espécie tanto ecologicamente quanto culturalmente.

No contexto nacional, muitos países implementaram legislações próprias para proteger a tartaruga verde, que inclui proibições de captura, tortura e comércio. A formalização de áreas marinhas protegidas e a regulamentação de atividades pesqueiras também são medidas que contribuem para a conservação. Essas leis são fundamentais para a manutenção das populações de Chelonia mydas, que enfrentam ameaças como a destruição de habitats, poluição e pesca acidental.

A criação em cativeiro tem emergido como uma estratégia de conservação eficaz para a tartaruga verde, principalmente em situações em que os habitats naturais estão em risco. Programas de criação em cativeiro buscam aumentar a população por meio do gerenciamento responsável da reprodução em ambientes controlados. Esta abordagem permite a reabilitação de tartarugas que foram resgatadas devido a ferimentos ou doenças, possibilitando a recuperação e posterior reintrodução ao seu habitat natural.

Além disso, a implementação de programas de reabilitação é essencial para o sucesso desses esforços. Esses programas não apenas tratam tartarugas feridas, mas também educam o público sobre a importância da conservação. A combinação de legislação robusta e iniciativas de criação em cativeiro reflete a necessidade urgente de proteger a tartaruga verde, promovendo a sua sobrevivência e bem-estar nas águas oceânicas onde habitam.

Habitat e Pesquisa Científica

As tartarugas verdes habitam principalmente águas tropicais e subtropicais, preferindo ambientes costeiros com recifes de corais e pradarias marinhas que oferecem alimento e abrigo. Esses habitats são cruciais para o seu ciclo de vida, sendo localizados em diversas regiões do mundo, como o Oceano Pacífico, o Atlântico e o Índico. No entanto, o habitat natural das tartarugas verdes enfrenta diversas ameaças, entre as quais se destacam as mudanças climáticas e a atividade humana. O aumento da temperatura dos oceanos, resultante do aquecimento global, afeta diretamente esses ecossistemas, alterando a distribuição de plantas marinhas essenciais para a alimentação das tartarugas. Além disso, a acidificação dos oceanos compromete a saúde dos recifes de corais, que são vitais para a reprodução e proteção das tartarugas jovens.

A pressão humana também tem um impacto significativo no habitat das tartarugas verdes. A poluição, a pesca acidental e a destruição de habitats costeiros para a urbanização são fatores que contribuem para a diminuição de suas populações. A sedimentação e a degradação das pradarias marinhas, frequentemente resultantes da agricultura e da construção, dificultam a sobrevivência das tartarugas. Portanto, a pesquisa científica tem se tornado cada vez mais importante para a conservação dessa espécie. Estudos sobre o comportamento das tartarugas verdes, sua genética e ecologia são essenciais para desenvolver estratégias eficazes de proteção e manejo. Pesquisa aplicada ajuda a entender melhor as necessidades ecológicas e os padrões migratórios das tartarugas, possibilitando a implementação de políticas que visem à preservação desses habitats.

Além disso, iniciativas de educação e sensibilização também são fundamentais, pois criam um entendimento sobre a importância de proteger os ambientes onde as tartarugas verdes vivem. Ao abordar as questões que afetam seu habitat natural, a comunidade científica, em parceria com organizações e governantes, pode promover práticas que garantam a conservação dessa espécie majestosa.

Conscientização e Conservação

A conscientização sobre a conservação das tartarugas verdes é fundamental para garantir a sobrevivência dessa espécie que enfrenta diversas ameaças. A perda de habitat, a poluição dos oceanos, e a captura acidental em redes de pesca são apenas algumas dificuldades que as tartarugas enfrentam atualmente. Portanto, a educação ambiental se torna uma ferramenta essencial para informar a população sobre a importância dessas criaturas marinhas e seu papel ecológico. Por meio de iniciativas educativas, a sociedade pode se engajar nas questões que afetam a conservação das tartarugas verdes.

Várias organizações e instituições têm promovido programas de proteção que visam não apenas a preservação das tartarugas, mas também a recuperação de seus habitats. Campanhas de limpeza de praias, monitoramento de ninhos e regulamentação da pesca em áreas críticas são exemplos de ações que têm sido implementadas. Além disso, essa conscientização também deve incluir a promoção de práticas sustentáveis, que minimizam os impactos humanos sobre os oceanos e a vida marinha. Por exemplo, educar a comunidade sobre como reduzir o uso de plástico e participar de projetos de reabilitação de áreas degradadas contribui diretamente para a proteção das tartarugas verdes e seu ecossistema.

A participação da comunidade é vital para o sucesso das iniciativas de conservação. Cada indivíduo pode fazer a diferença por meio de ações simples, como adotar hábitos de consumo mais conscientes, envolver-se em atividades locais de proteção ambiental ou disseminar informações sobre a importância das tartarugas verdes. Programas de voluntariado também oferecem oportunidades para que as pessoas se comprometam com a causa, seja por meio da vigilância de ninhos nas praias ou do auxílio em campanhas educativas. Dessa forma, a colaboração entre os cidadãos, ONGs e governos é crucial para garantir que as tartarugas verdes continuem a prosperar nos oceanos para as futuras gerações.

Referências

Como Citar:

Portal AMBIENTE EM FOCO. ROCHA, Délcio César Cordeiro. Tartaruga-Verde (Chelonia mydas) história, origem e cuidados. Disponível em: https://ambienteemfoco.com/tartaruga-verde-chelonia-mydas-historia-origem-e-cuidados  Série: Conservação e Manejo de Fauna/Educação e Interpretação Ambiental/ Quelônios. Artigo Técnico/Conscientização/Ponto de Vista nº9 Publicado em 2023. Acesso em DIA/ MÊS/ ANO

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